(2) O ingresso por necessidade

O ingresso na docência também é contado como uma necessidade, como uma oportunidade de complementação salarial. È o caso do Professor José Flori que, na época de funcionário de uma empresa, ganhava muito pouco. Precisava procurar alguma outra coisa para fazer. "Dar aulas" poderia ser essa alguma coisa. Por que não?

“Bah, eu ganhava pouco, era uma coisa complicada né, eu ganhava uns seiscentos e poucos reais na época e não dava para as minhas necessidades. Aí o que que eu fiz, pô eu vou ter que procurar alguma coisa para fazer, em 1996, em junho ou julho, acho que foi por aí, eu lembrei da Escola Mesquita”. (José Flori, 51, Prof. Desenho Técnico e CAD, Relato de Vida, linhas 537-543)

“Mas aí eu fui procurar a Escola, (...) ó, será que não tem uma vaga, uma coisa que eu possa fazer e tal?" (José Flori, 51, Prof. Desenho Técnico e CAD, Relato de Vida, linhas 548-550)

“(...) perguntou assim se eu podia [substituir um professor] né... e eu pá! Mas claro... ganhar dinheiro, precisava trabalhar né meu... mas como que não? Há mas eu topei na hora! Aí eu topei na hora” (José Flori, 51, Prof. Desenho Técnico e CAD, Relato de Vida, linhas 572-574)

No entanto, da simples outra coisa para fazer, "dar aulas" se transforma na nova profissão, em algo que sempre quis na minha vida, relata o Professor José Flori. Se, no princípio, ingressar na docência foi uma necessidade financeira, com o passar dos tempos ela se transfigura em gosto de estar e permanecer como professor, ou seja, a docência passa a ser uma necessidade pessoal, de me tornar alguém.

“(...) realmente aquilo ali era uma nova profissão para mim e era uma coisa assim, que eu sempre quis na minha vida, sabe. E tu não sabe precisar um momento que aquilo vai acontecer na tua vida e isso não foi. Ela foi uma coisa que surgiu numa época por necessidade e talvez é a época de acontecer mesmo, então ela surgiu de uma necessidade, mas eu não acredito que ela não surgiu só por uma necessidade financeira, ela foi uma necessidade minha, de me tornar alguém” (José Flori, 51, Prof. Desenho Técnico e CAD, Relato de Vida, linhas 793-798)