(5) As lembranças do estágio docente e do aprender a dar aula

O ingresso na docência também é lembrado a partir da experiência de estagiário na disciplina de Desenho Técnico na parte profissionalizante do currículo. Este é o caso do Professor Sidney que, no sentido de concluir seu Curso de Formação Pedagógica - Esquema II -, solicitou o Estágio docente na Escola Técnica Parobé, no ano de 1976:

“(...) pedi o estágio no Parobé e eles me deram o estágio. (...) E aí eles chegaram Professor Ricardo, esse é o Sidney, ele vai ser professor, vai fazer o estágio... Aí ele chegou assim, me lembro dele, que era, ele era um polonês com mais de 2 metros de altura, jovem, boa aparência, assim...ele me bateu nas costas Mas que bom que tu vai chegar, tudo bem! É bom que tu tá chegando porque eu to com a turma 330 e não sei o que, do terceiro ano e estou indo amanhã para São Paulo, tá aqui meus cadernos de chamada, tá aqui meu planejamento, tá aqui a matéria, tu me dá aqui essa aula...” (Sidney, 60, Coordenador Técnico, Relato de Vida, linhas 311-321)

Tá aqui meus cadernos de chamada, tá aqui meu planejamento, tá aqui a matéria, tu me dá aqui essa aula. E é desse jeito que Sidney é desafiado a enfrentar os primeiros passos e o ingresso como professor numa sala de aula. O desafio é pessoal, é só teu, é intransferível. Só quem experiencia pode enfrentar a concretude do fato de ser professor.

Mais adiante, no seu relato, professor Sidney reflete e relembra o tempo e o significado da experiência de dar aula, do seu planejamento. Aquele primeiro ano foi legal porque eu... aprendi a dar aula. Não só aprendeu a dar aulas, a planejá-las como no curso de didática, mas, fundamentalmente, o significado de tais experiências de vida indicadas como fantásticas, vivendo o resultado do que fazia, manifestando inclusive que, naquele momento, ensinar era algo, que o fazia, antes de tudo, aprender.

“Eu aprendia mais do que ensinava, mas isso faz parte”. (Sidney, 60, Coordenador Técnico, Relato de Vida, linhas 420-421)

“(...) eu era jovem, eu tava começando a namorar... 20 e poucos anos, (...) aí era a época que as gurias se apaixonavam pelo professor e tudo (...) Aí aquele primeiro ano foi legal porque eu...aprendi a dar aula. Tenho a pretensão de dizer que aprendi a dar aula. Aprendi a planejar as aulas, planejava tanto que...planejava como aprendi no curso de didática. E foram experiências assim, fantásticas, de vida assim e humanas (...) vivia o que fazia, e vivia o resultado do que fazia. Então era uma glória. Pra mim dar aula já foi uma glória. (...) tudo encaixou assim, da melhor maneira” (Sidney, 60, Coordenador Técnico, Relato de Vida, linhas 99-108).

Dar aula já foi uma glória, pois tudo se encaixou da melhor maneira. Dar aula, ser professor, o afetou, afirmando a docência na maneira de ver o mundo.