O ciclo se repete. O novo, o inusitado pode se manifestar a cada dia, nas coisas mais banais, inclusive na sala de aula. Todo dia, ou "a cada dia que eu entro na aula é uma experiência nova" diz o Professor Ronaldo. O ciclo se repete, o frio na barriga, o nervosismo de entrar pela primeira vez na sala de aula não é privilégio, necessariamente, do primeiro dia, ele sempre existiu e sempre existe:
“o frio na barriga sempre existiu... existiu e sempre existe” (Ronaldo, 34, Prof. de Informática, Relato de Vida, linha 505)
“(...) quer dizer, na verdade são experiências, sempre são experiências novas, cada dia que eu entro na aula é uma experiência nova, (...) Ah! Agora eu tenho que fazer deste jeito, agora eu vou fazer deste jeito porque assim deu certo, pra cada grupo é diferente, (...) todo dia é o primeiro dia... todo o dia, bem dizer, é um primeiro dia, porque eu não consigo dar as mesmas coisas que eu dou no semestre anterior” (Ronaldo, 34, Prof. de Informática, Relato de Vida, linhas 479-484)
Para o Professor Ricardo, os inícios, os começos sempre o deixa nervoso, apreensivo. Tudo o que começa carrega em si o novo e a novidade, neste caso, se manifesta em apreensão deixando o dia muito longe.
“No início eu sempre fico um pouco nervoso. Bah, vai começar... quando eu tô nervoso eu falo muito rápido! (...) bah, quando eu fico nervoso eu vôo com a matéria. Então, na verdade, eu fiquei apreensivo assim...tava longe, o dia tava muito longe... quando eu vi o dia já tava ali”. (Ricardo, 32, Prof. de Eletrônica, Relato de Vida, linhas 207-211)
Um dia longe que, de repente, já estava ali. A apreensão que muda a percepção do tempo.